Desfile de moda inspirado na fauna e flora do Cerrado surpreende os participantes do Goiás Social Mulher

Peças produzidas por estudantes nos laboratórios do Cotec trazem para a passarela criatividade e consciência ambiental. Os onze trajes, com elementos do cerrado, foram apresentados no último dia do evento

Quem estava presente na arena principal do Goiás Social Mulher, na última sexta-feira, foi surpreendido no fim daquela manhã. Isso porque o palco foi aberto para receber o desfile de moda com peças produzidas pelos estudantes dos Colégios Tecnológicos de Goiás (Cotecs). O desfile, organizado pelo Centro de Educação, Trabalho e Tecnologia da Universidade Federal de Goiás (CETT-UFG), chamou a atenção do público pelas cores vibrantes e pelos traçados dos trajes apresentados. Livremente inspirado na fauna e flora do Cerrado, o evento convidou os presentes a apreciar o bioma por meio de 11 criações produzidas especialmente para a ocasião.

A produção, iniciada em abril do ano passado, foi desenvolvida em etapas pelos estudantes, professores e coordenadores do curso de Corte e Costura de seis unidades da rede de ensino: Catalão, Goiânia, Goianésia, Jaraguá, Palmeiras de Goiás e Uruana. De acordo com a coordenadora de Moda do CETT, Mirella Melazo, o desfile simboliza o resultado do empenho e dedicação de toda a equipe envolvida na execução do projeto, encerrando esse ciclo com chave de ouro.

“A participação dos estudantes nesta atividade representa muito mais do que a materialização de um projeto. Para quem está nos cursos de Corte e Costura, ver suas criações ganharem vida em um desfile profissional é uma experiência transformadora. Esse processo permite que eles e elas compreendam todas as etapas da produção de moda, desde a concepção até a execução final, desenvolvendo habilidades técnicas e criativas essenciais para a profissão”, avalia a coordenadora. 

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 A Coleção Cores do Cerrado foi apresentada aos participantes do Goiás Social Mulher em desfile organizado pelo CETT, com peças produzidas pelos estudantes do Cotec. (Foto: Rahissa Pelles)

 Para esse trabalho, cada grupo de estudantes, sob a orientação de professores, elegeu um item do Cerrado para conceber o traje. Os onze looks remetem a frutos típicos, como o caju e o pequi; às florações de espécies, como a do flamboyant e a do ipê-rosa; aos animais representativos da fauna, como o lobo-guará e o bem-te-vi; e também às texturas características da vegetação do Planalto Central, com destaque para as folhas, raízes e troncos das árvores, marcadas pela irregularidade e tortuosidade.

E não foi apenas o público que se encantou. Os modelos que vestiram as peças também ficaram surpresos com a beleza e o trabalho cuidadoso de cada item selecionado para as composições. Para que essa valorização fosse completa e fizesse com que o público se sentisse incluído, os colaboradores do CETT foram escolhidos para cumprir essa missão. Tarefa realizada pela primeira vez por todos.

“Foi um momento de satisfação misturada com responsabilidade e cuidado, tanto com a peça quanto com os estudantes que a produziram. Como essa experiência foi a primeira da minha vida, busquei dicas de como desfilar e apresentar o traje da melhor maneira possível para dar o destaque merecido ao trabalho desenvolvido. Foi uma tarefa fácil, tanto pela elegância e sensualidade do corte da minha roupa quanto pela ousadia da cor vibrante e da manga bufante, que lembram o caju do Cerrado. Eu amei estar na passarela, me senti confiante e poderosa”, comenta Milla Suzart, colaboradora do CETT.

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Milla Suzart, colaboradora do CETT, veste peça inspirada no Caju do Cerrado. (Foto: Rahissa Pelles)

 Carlos Nogueira também avalia a experiência como única e destaca a importância do tema escolhido para o desfile. “Eu achei a experiência incrível. Realizei um sonho antigo de uma maneira enriquecedora. Os estudantes do curso de Corte e Costura acertaram na escolha da temática, inspirada no bioma do Cerrado, porque, além de exaltar nossa regionalidade, o tema é um modo interessante de incentivar politicamente os espectadores a terem uma visão crítica e consciente sobre a conservação do bioma e do meio ambiente”, afirma Carlos, que subiu ao palco com uma proposta construída a partir da leitura do pequi.

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Carlos Nogueira veste peça, produzida por estudantes do Cotec de Goianésia, inpirada no fruto Pequi. (Foto: Rahissa Peles)

 Para a composição do desfile, os modelos do CETT tiveram uma sessão de cuidados no Espaço de Beleza do Cotec, no Goiás Social Mulher. Todos passaram pelas mãos habilidosas dos profissionais que participaram da ação, atendendo o público. Os colaboradores e colaboradoras fizeram cabelo, unhas e maquiagem, e esse trabalho ficou a cargo do designer de cabelo Lúcio Borges e da maquiadora Bruna Klethem.

“Em relação à maquiagem feita nos nossos modelos, quis deixá-los o mais natural possível para evidenciar a beleza de cada um. Para criar, me inspirei nos detalhes das roupas para que não destoassem da proposta feita pelos estudantes”, explica Bruna, que entrou para o ramo da beleza em 2019, quando realizou o curso de Maquiagem no Cotec, e, desde então, tem usado as técnicas aprendidas em seu trabalho.

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O designer de cabelo, Lúcio Borges e a maquiadora, Bruna Klethem, participaram do Espaço da Beleza da edição 2025 do Goiás Social Mulher. (Foto: Rahissa Pelles e Wéber Félix)

O mesmo olhar experiente foi utilizado por Lúcio Borges para construir o design dos modelos. “Por exemplo, para o Carlos, eu resolvi desenvolver algo que é raro no mundo das passarelas: o desenho tribal. A partir do tipo e cor de cabelo dele, planejei algo que pudesse surpreendê-lo e, ao mesmo tempo, se identificasse com ele. Aproveitei o risco que ele tem na sobrancelha, fiz uma linha imaginária que chegasse até o cabelo. Desenvolvi, então, um desenho que ocupasse tanto a lateral quanto a nuca, integrando-o ao detalhe da sobrancelha”, completa Lúcio, que é professor do Cotec Itinerante.

O impacto desse desfile vai além da passarela e da simples exposição de roupas; ele cumpre um papel social importante, como argumenta a organizadora do evento, Mirella Melazo. “Apresentar esses projetos no Goiás Social significa levar a moda para um público diverso e, principalmente, demonstrar o poder da profissionalização gratuita. Muitas das pessoas que assistiram ao evento podem não conhecer as oportunidades que os COTECs oferecem, e este desfile se torna uma vitrine não apenas do talento dos alunos, mas também do compromisso social das escolas. A moda, nesse contexto, se torna um instrumento de transformação, mostrando que a capacitação profissional pode abrir portas e mudar vidas”, completa ela.

 

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