A formação de talentos em tecnologia
Por Marcos Dias
Nos últimos anos, a formação de talentos em tecnologia tem sido um dos principais assuntos no meio social e empresarial. O motivo primeiro de tamanha discussão está na ameaça de um apagão de profissionais qualificados na área, frente à elevada demanda calculada por recursos humanos, aptos a ocupar postos de trabalho e produzir soluções digitais, nos níveis juniores ou seniores.
Segundo dados da Brasscom (Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), estima-se que 530 mil vagas de tecnologia no Brasil não serão preenchidas até 2025, fato que aprofunda os gargalos para o desenvolvimento econômico do país, e consequentemente, o desemprego ou uma exclusão digital em larga escala, considerando o desequilíbrio da balança em que pesa a geração de novas ocupações profissionais e a extinção de outras milhares.
Não somente o Brasil, mas o mundo está numa corrida contra o tempo para formar profissionais com competências e habilidades específicas para o setor tecnológico. Desafios são impostos na mesma velocidade e dinamismo das transformações nesta área, e um dos públicos mais atingidos pelo crítico cenário socioeconômico nacional, sem dúvida, tem sido a juventude. Dá-se conta que o desemprego entre a população jovem de 18 a 24 anos é da ordem de 22,8%, sendo o dobro da média de toda a população, de 11,1%. Um cenário contraditório quando a própria nação considera o jovem o futuro do país. Desassistidos de educação, tornam-se uma estatística melindrosa para o crescimento enquanto profissionais e cidadãos-contribuintes do progresso nacional.
Uma solução capaz de contribuir com a formação de talentos para o setor, a Educação Profissional e Tecnológica (EPT) promove cursos profissionalizantes de capacitação, qualificação, conectados ao ensino médio nas redes públicas de ensino pelo país. A metodologia de formação STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática) propicia melhor aderência ao mercado, e mesmo, uma maior projeção salarial, levando à conquista do primeiro emprego em tecnologia.
Temos nas Escolas do Futuro do Estado de Goiás, geridas pelo Centro de Educação, Trabalho e Tecnologia (CETT-UFG), incentivado os estudantes, por meio da robótica, a participarem de campeonatos e torneios nas esferas regional e nacional, demonstrando os conhecimentos teóricos e práticos na área. Por meio dos grupos Under Pressure e Rassilianos, uma parcela da população goiana segue com afinco na formação tecnológica, mostrando como a educação profissional em tecnologia se configura em referência para a inserção do jovem no setor e, em breve, no mercado de trabalho, reduzindo desigualdades e contribuindo com o desenvolvimento de Goiás e do país, ambos industrializados, portanto, demandantes de mão de obra tecnológica.
Investir no jovem, qualificando-o para atender às transformações tecnológicas e econômicas, gerar soluções e respostas, é a saída para o Brasil inovar, competir e, crescer.
Para melhor desempenho educacional da juventude, além do reconhecimento dos benefícios da EPT, uma agenda especial poderia nutrir as decisões governamentais para atender à urgência dos desafios da formação de talentos em tecnologia, como, por exemplo, a ampliação da oferta de cursos profissionalizantes, novas parcerias com o setor privado, programas que garantam a permanência dos estudantes nas escolas, novas perspectivas de ensino e aprendizagem alinhadas às novidades. Mais do que nunca, o Brasil precisa trabalhar em conjunto!
*Marcos Dias, é gerente de Projetos do Centro de Educação, Trabalho e Tecnologia da Universidade Federal de Goiás (CETT-UFG) e mentor do Grupo de Robótica Under Pressure da EFG Luiz Bittencourt.