A educação a distância na formação de uma nova sociedade

Por Tânia Ribeiro

Uma das tendências oriundas da pandemia, a educação a distância está inteiramente conectada não somente com o emprego de novas tecnologias, mas com as constantes fronteiras que se abrem para disseminar conhecimento e formar pessoas. Nos últimos 10 anos, o crescimento desta modalidade de ensino foi vertiginoso. O Censo da Educação Superior realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), em 2021, dá conta de um aumento de 474% no número de matrículas. O índice atesta a consolidação da EaD como alternativa acessível a quem busca autonomia e flexibilidade para estudar.

A educação a distância tornou-se alternativa para a inclusão e formação de milhares de brasileiros, que inclinados a aprender, tornam-se curadores e protagonistas de seus aprendizados, em cursos rápidos, técnicos, superiores, treinamentos e aperfeiçoamentos. Contudo, desafios são impostos, uma vez que a propensão social é de crescimento e transformações contínuas que impactam os âmbitos socioeducacional e profissional dos cidadãos, independentemente da idade. Para o Brasil, a provocação é desenvolver ferramentas e aplicações que envolvam cada vez mais, novos e antigos estudantes no processo de aprendizagem. A nação carece de trabalhadores.

As mudanças na EaD são contínuas e, para os próximos anos, as inclinações para esta modalidade de ensino são fortes, e preveem a educação socioemocional, a personalização do ensino e o acompanhamento direto ao estudante. Para isso, há investimentos em metodologias auxiliadoras no aprendizado e no desenvolvimento de competências e habilidades indutoras de mudanças no padrão de vida das pessoas. Nas Escolas do Futuro do Estado de Goiás (EFGs), unidades geridas pelo CETT-UFG, o trabalho na EaD gera vivência prática no campo de trabalho, a partir do conteúdo absorvido nas aulas. Experiências exitosas são registradas, como estudantes que descobrem vocações, empreendem, conquistam ou mudam de emprego a partir da aprendizagem EaD, no nível técnico. Outra vertente é a oferta de cursos alinhados com profissões vindouras. Novas frentes de trabalho estão surgindo e despertando a consciência de que tudo muda o tempo todo. Estar aberto para aprender a aprender se faz imperioso. Esse é o meio para a sociedade se adequar às formas de trabalho anunciadas, e estar pronta para se defrontar com o desaparecimento de outras tantas com a crescente automação, maior longevidade e necessidade de se reinventar para sobreviver e enfrentar transições de carreira.

Uma vez conectada à tecnologia, a EaD, tem seu potencial de qualidade na materialização de metodologias ativas, na equipe multidisciplinar e ensino híbrido como forma de garantir relações humanas e diálogo personalizado no processo ensino-aprendizagem. O sistema, por superar qualquer barreira de tempo e espaço, tem contribuído com a democratização do ensino, transformando o modelo atual, que é disciplinar e padronizado, para outro que forma para um tempo de alta complexidade.  A educação a distância tem forte impacto sob o saber e as experiências.

Numa época reivindicatória de imaginação, cuidado e consciência para solucionar diversas questões (antigas e novas) no mundo, a educação a distância de qualidade pode ser a via eficaz no apoio à formação de recursos humanos. Lógico que ela sozinha não resolverá todos as lacunas da emblemática educação brasileira, mas a adoção de um ensino planejado, intensivo, crítico e inovador, por meio da tecnologia, pode gerar respostas inteligentes e ajudar a transformar para melhor o cenário da educação nacional, ao se considerar o atual e futuro mundo do trabalho para jovens e adultos.

*Tânia Ribeiro, é gerente de EaD-EFGs/Centro de Educação, Trabalho e Tecnologia (CETT-UFG) 

 

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